REMOÇÃO DE TERCEIRO MOLAR EM SEIO MAXILAR COM USO DE
TÉCNICA MINIMAMENTE INVASIVA: RELATO DE CASO
Lemos Felicio Agostinho Cicero Newton
1
*, Dias dos Santos Thais
1
, Viana Araújo Leonardo
2
O seio maxilar é uma estrutura anatômica pneumatizada e localizada na
região anterior da maxila bilateralmente. A ocorrência do deslocamento
de corpos estranhos no seio maxilar não é uma condição comum, e quando
presente está associada a acidentes automobilísticos, acidentes por arma
de fogo, distúrbios psiquiátricos e iatrogenias em procedimentos cirúrgicos. A
remoção do corpo estranho é realizada a m de prevenir infecções, podendo
a permanência do corpo estranho oferecer danos imediatos ou crônicos. O
acesso ao seio maxilar é realizado mais comumente pela técnica de acesso
Caldwell-Luc. Desta forma, o objetivo do estudo é relatar um caso clínico de
remoção cirúrgica de um terceiro molar superior do interior do seio maxilar
pela técnica de acesso Caldwell-Luc, com auxílio de um guia cirúrgico a m
de conduzir uma cirurgia mais segura e menos invasiva.
The maxillary sinus is a pneumatized anatomical structure located bilaterally in
the anterior region of the maxilla. The occurrence of displacement of foreign
bodies in the maxillary sinus is not a common condition and when present, it
is associated with car accidents, re arm accidents, psychiatric disorders and
iatrogenies in surgical procedures. The removal of the foreign body is carried out
in order to prevent infections, and the permanence of the foreign body may offer
immediate or chronic damage. Access to the maxillary sinus is most commonly
performed using the Caldwell-Luc access technique. Thus, the objective of the
study is to report a clinical case of surgical removal of a maxillary third molar from
the interior of the maxillary sinus using the caldwell-luc access technique, with
the aid of a surgical guide in order to conduct a safer and less invasive surgery.
Abstract
REMOVAL OF THE THIRD MOLAR IN THE MAXILLARY
SINUS USING THE MINIMALLY INVASIVE TECHNIQUE:
CASE REPORT.
Resumo
Palavras Chave: Seio Maxilar; Terceiro Molar; Cirurgia Bucal; Exodontia.
Keywords: Maxillary Sinus; Third Molar; Oral surgery; Exodontia.
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Revista Médica Vozandes
Volumen 31, Número 2, 2020
REPORTE DE CASO
REPORTE DE CASO
Forma de citar este artículo: Lemos Felicio
CN, Dias dos Santos T, Viana Araújo L.
REMOÇÃO DE TERCEIRO MOLAR EM
SEIO MAXILAR COM USO DE TÉCNICA
MINIMAMENTE INVASIVA: RELATO DE
CASO. Rev Med Vozandes. 2020; 31 (2):
96 - 100
1. Universidade CEUMA. Programa de Pós-graduação
em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. São
Luis (MA) - Brasil.
2. Instituto Mont’Alverne de Odontologia. São Luis
(MA) - Brasil
ORCID ID:
Lemos Felicio Agostinho Cicero Newton
orcid.org/0000-0002-5658-3749
Dias dos Santos Thais
orcid.org/0000-0002-7226-7519
Viana Araújo Leonardo
orcid.org/0000-0002-5756-5446
*Corresponding author: Lemos Felicio Agost-
inho Cicero Newton
E-mail: ciceronewton@yahoo.com.br
Este artículo está bajo una
licencia de Creative Com-
mons de tipo Reconocimien-
to – No comercial – Sin obras
derivadas 4.0 International.
Received: 14 – Jul – 2020
Accepted: 17 – Sep – 2020
Publish: 01 – Oct – 2020
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All the authors reviewed and approved the nal
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DOI: 10.48018/rmv.v31.i2.13
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REPORTE DE CASO
Revista Médica Vozandes
Volumen 31, Número 2, 2020
Introdução
O seio maxilar é uma estrutura anatômica pneumatizada
e localizada na região anterior da maxila bilateralmente.
Essa estrutura é também conhecida como uma cavidade
paranasal por estar localizada lateralmente à fossa nasal,
seu assoalho frequentemente situa-se 0,5 a 1,5 cm abaixo
da cavidade nasal. O mesmo é responsável por ltrar o
ar inspirado, aquecê-lo, aliviar o peso do crânio, aliviar
impacto em possíveis traumas e dar ressonância à voz. É
considerado o maior seio paranasal pois, frequentemente,
possui grande volume quando comparado aos demais
seios, além de por vezes exibir fragilidade capilar e íntima
relação com as raízes dos molares e pré-molares superiores
e, por este motivo, oferece risco a complicações cirúrgicas,
tais como, a comunicação bucossinusal e o deslocamento
de raízes, dentes, implantes e corpos estranhos para o seu
interior
(1)
.
Anatomicamente possui formato piramidal quadrangular,
no qual seu ápice encontra-se voltado ao processo
zigomático da maxila, tendo volume médio, em um
paciente adulto, de 14 cm
3
de acordo com Ariji e
colaboradores (1994) . Em até 26,5% dos pacientes pode
possuir septos e cristas em seu interior, encontrados com
maior frequência em sua porção média
(2)
.
Histologicamente é revestido por um epitélio respiratório,
ou seja, epitélio pseudo-estraticado colunar, ciliado e
mucossecretor, considerado, por vezes, um revestimento
mucoperiosteal
(2,3)
.
Para Cerqueira
(3)
o deslocamento de corpos estranhos
para o interior do seio é pouco comum e pouco relatado,
visto que um terço dos casos não são diagnosticados
imediatamente. Quando presente, as principais causas
são traumas em face e iatrogenias em procedimentos
cirúrgicos odontológicos.
A região posterior da maxila é a mais acometida durante
procedimentos cirúrgicos, devido à proximidade das raízes
de molares superiores, por vezes pneumatizado. Tal
acometimento se intensica também devido à qualidade
óssea da maxila, que se apresenta predominantemente
medular e com pouca espessura de osso cortical,
determinando um aspecto poroso, principalmente em
pacientes jovens
(4)
.
No deslocamento de raízes ou elementos contaminados,
seja por lesões periapicais ou doença periodontal, o risco
de infecção sinusal é maior que quando comparado aos
deslocamentos de elementos hígidos, podendo gerar
reabsorção óssea circunjacente e reação inamatória
no seio maxilar (sinusite), produção excessiva de muco,
dor em região periorbitária, halitose, tumefação, coriza e
presença de fístula bucosinusal. Esses sintomas geralmente
se tornam crônicos, apresentando também episódios
agudos recorrentes
(3,4)
.
Alguns exames de imagem são opções viáveis para
localização de corpo estranho e para a realização de um
planejamento cirúrgico adequado. A ortopantomograa,
a incidência de Waters e a perl de face podem ser
empregadas, no entanto, a tomograa computadorizada
de face oferece uma imagem tridimensional, possibilitando
avaliação e conduta mais apropriada
(1,3)
.
O acesso ao seio maxilar é realizado mais comumente
pela técnica de Caldwell-Luc, que foi desenvolvido
em 1890 por George Caldwell nos Estados Unidos e
Henri Luc na França. O acesso é realizado através da
osteotomia da parede anterior, permitindo assim a
inspeção do interior do antro e remoção de corpos
estranhos. Complicações inerentes a utilização desta
técnica são poucos comuns, porém quando presentes
podem incluir: assimetria facial, lesão nervosa,
desvitalização dentária e fístulas oroantrais
(1,3)
.
A era digital na odontologia tem sido uma realidade
para diversas especialidades, tal como a ortodontia,
prótese e cirurgias ortognáticas. Recursos digitais
e fotograas em 3D tem dado maiores opções
de tratamento e oferecido planejamentos de
melhor qualidade. A utilização destes recursos
pode oferecer maior previsibilidade e conforto ao
paciente
(5)
.
Desta forma, o objetivo do estudo é relatar um
caso clínico de remoção cirúrgica de um terceiro
molar superior, no interior do seio maxilar, pela
técnica de acesso caldwell-luc, com auxílio de
um guia cirúrgico, com objetivo de orientar o
acesso ao corpo estranho de forma rápida e
minimamente invasiva, proporcionando uma
cirurgia mais segura. O artigo segue as diretrizes
CARE para o relato de casos
(6)
.
Relato de caso
Paciente AGN, gênero masculino, 17 anos de
idade, procedente de São Luís do Maranhão,
buscou atendimento com a equipe de Cirurgia
e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital
Clementino Moura, após ter observado, junto ao
cirurgião-dentista, um “corpo estranho” na região
anatômica correspondente ao seio maxilar direito,
através de achados imaginológicos de rotina
solicitado para início de tratamento ortodôntico.
O trabalho foi realizado após aprovação do
Comitê de Ética e Pesquisa da sob o CAAE número
26029819.1.0000.5084.
O mesmo não relatava queixas inerentes a condição
em que foi observada. Na anamnese o paciente
relatou ter sido submetido à tentativa de extração
do terceiro molar superior direito (elemento 18) há
mais ou menos um ano sem sucesso, neste período
não houve nenhum sintoma relatado pelo paciente.
O histórico familiar do paciente em questão não
mostrou nenhum dado associado a comorbidades,
alergias ou doenças tumorais.
Ao exame físico extra oral não foi observada
nenhuma alteração digna de nota. Ao exame
intra oral, o paciente apresentava-se parcialmente
dentado inferior e superior, lábios corados, abertura
bucal satisfatória, mucosa intra oral apresentando
coloração normal e sem sinais de inamação e/ou
infecção.
Ao exame tomográco evidenciou-se uma área
hiperdensa na região referente ao seio maxilar
esquerdo com tamanho aproximado de 12mm