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Rubens C
Revista Médica Vozandes
Volumen 33, Número 1, 2022
4)Valorizar a experiência dos prossionais envolvidos
com a prestação de cuidados.
5)Ter modelos de governança éticos, transparentes
e com foco assistencial. (Julianne Morath e Lucian
Leape – 2015)
Com o foco nestes cinco pontos, iremos diminuir a
probabilidade de resultados indesejáveis.
O processo de segurança do paciente vem como
uma ferramenta disruptiva, focada no pensamento
sistêmico, na mudança de comportamento, resultando
em uma política de cultura de segurança efetiva e
mensurável.
Segurança do paciente torna-se dessa maneira uma
disciplina com o corpo integrado de conhecimentos e
competências de quem tem o potencial de transformar
os cuidados em saúde. Constatando que os eventos
adversos geralmente ocorrem devido às falhas do
sistema e não apenas por causa da inépcia dos
indivíduos. (Elizabeth Dyiton, Ronda Hughes – 2000).
Portanto, a política de segurança do paciente deve
ser usada como um processo para as organizações
analisarem e melhorarem periodicamente a sua
assistência e gestão como uma ferramenta para
identicar áreas de melhorias nas organizações de
saúde e como uma medida para comparar a prestação
de cuidados de saúde, sempre por meio de padrões
baseados em melhores práticas e evidências cientícas.
Trabalhar qualidade e experiência de segurança do
paciente integralmente é redução do retrabalho,
redesenho na simplicação dos processos de trabalho
e redução de eventos adversos.
Rearmo que, para tal, o cuidado tem que ser centrado
na pessoa, organizando as melhores práticas, denindo
cuidados preventivos; medindo resultados de custos e
integrando processos assistenciais com os processos de
gestão: tudo associado à comunicação integrada aos
cuidados.
O cuidado centrado no paciente concentra-se nas
necessidades particulares de cuidados de saúde de
cada indivíduo. Um dos objetivos importantes dos
cuidados de saúde centrado nos pacientes é capacitá-
los para que eles se tornem mais ativos em seus cuidados
e envolvidos integralmente em seus tratamentos.
Desta maneira, diminuiremos satisfatoriamente a
fragmentação do cuidado, as ineciências, erros,
quase erros; eventos adversos e a baixa adesão aos
tratamentos.
Como fundamentos importantes neste desenho do
paciente no centro das decisões temos: dignidade,
respeito, compartilhamento com comunicação de
informação e colaboração dos prossionais de saúde
juntos a pessoa e aos familiares.
Sir Cyrill Chantler descreveu na revista The Lancet em
1999 (há mais de 20 anos) que “a medicina antiga
era simples, inefetiva, mas relativamente segura.
Atualmente ela é complexa, efetiva e potencialmente
perigosa”. Isso nos mostra que a arte da medicina
sempre foi uma atividade de risco com esperanças
de benefícios de cura, mas sempre acompanhada da
possibilidade de dano. Portanto, dene-se qualidade
em saúde como um produto social, representado por
conceitos e valores associados às expectativas em
relação ao paciente, pessoa ou comunidade.
O cenário global de qualidade nos demonstra que as
falhas da qualidade e segurança estão inseridas na
gestão de processos: essas falhas acontecem em não
adicionarmos verdadeiramente valores ao paciente ou
falhas no atendimento às expectativas deste paciente.
Isso tudo multiplicado pelos impactos da cadeia
econômica e social em relação ao sistema de saúde
como um todo, especicamente no que diz respeito
à incorporação de novas tecnologias, aumentos de
expectativas de vida; medicina defensiva, ineciência
de gestão do sistema; aumento de custos, diculdade
de não nanciamento e descompromisso da agenda
econômica e técnica.
Em 2020, a Price Water Coopers demonstrou em seu
relatório anual como será o futuro dos sistemas de
saúde do mundo, se não colocarmos o paciente no
centro das decisões. Esse relatório demonstrou que
os atuais sistemas de saúde carão insustentáveis até
2035 por essas tendências convergentes, aumentos
das demandas, alto custo e qualidade desigual. Se
não trabalharmos isto com a qualidade, experiência e
segurança do paciente, nossos sistemas de saúde irão
submergir.
Atente-se também dentro dessa linha de raciocínio,
para a estimativa da Organização Mundial de Saúde
( OMS) que nos sinaliza que há mundialmente mais de
43 milhões de eventos adversos ao ano. Tudo isso nos
dá certeza de trabalhar de maneira integral o processo
de qualidade e segurança do paciente, melhorando
a qualidade e segurança do cuidado. Entendo a
necessidade da comunidade a ser atendida, traçando
o seu perl epidemiológico, diminuindo custos e
valorizando a experiência dos prossionais de saúde.
Olhando para hoje e para o futuro, entendo que a
estrutura global da qualidade e segurança do paciente
tem que estar estruturada em cinco pontos:
1)Melhorar a qualidade e segurança do cuidado,
colocando a pessoa no centro das decisões.
2)Trabalhar o perl epidemiológico das instituições de
saúde, entendendo as necessidades da população
atendida.
3)Aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade e
diminuindo custos.
QUALIDADE, EXPERIÊNCIA E SEGURANÇA
DO PACIENTE: UMA GESTÃO INTEGRAL.